Já assisti à criação de alguns em menos de 6 meses... Normalmente esta peste vem acompanhada com uma febre de investigação da famosa Wikipédia ou pela aquisição do conhecimento por osmose. Ao que parece o vírus passou as fronteiras e já se espalhou por toda a comunidade dita Wiko-científica... foram feitos estudos que apontam uma cura para este mal. É verdade existe mesmo e está disponível nos bancos das faculdades mas a resistência é maior e mais eufórica quando a idade passa dos cinquenta, cuidado aos sintomas porque podem aparecer prematuramente pelos quarentas. Vocês sabem do que estou a falar!
Numa leitura dum "post" do jornal "O Diabo"
deparei-me com um "study case"...
A descoberta do caminho marítimo para a Índia foi o ponto
culminante dos Descobrimentos Portugueses e marcou o início de uma nova era na
História universal. Mas o livro “Conquerors. How Portugal seized the Indian
Ocean and forged the First Global Empire” apresenta os portugueses como
uns terroristas sedentos de sangue.
A peste viral internacional volta a atacar Portugal e um capítulo dos mais gloriosos da nossa História: os Descobrimentos e a Expansão. Desta vez trata-se de um livro com o título pomposo de “Conquerors. How Portugal seized the Indian Ocean and forged the First Global Empire” (“Conquistadores. Como Portugal se apoderou do Oceano Índico e forjou o primeiro Império global”), recentemente editado pela Faber and Faber e assinado pelo britânico Roger Crowley.
O problema é que o anacronismo – esse “pecado mortal do
historiador ”, como dizia Lucien Febvre –
começa logo na capa. Para ilustrar uma obra cujo âmbito cronológico vai de 1415
(conquista de Ceuta) a 1515 (morte de Afonso de Albuquerque), a coroa real que
encima o escudo tem cinco aros visíveis e barrete púrpura, símbolo que só
começou a ser utilizado no reinado de D. João V, no século XVIII.
Mas há mais… e pior: o escudo de Portugal está assente numa
esfera armilar em campo azul, isto é, as armas do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves, sancionadas por Carta de Lei de 13 de Março de 1816 assinada
por D. João VI. Um mero erro de 300 anos! Nada mal para uma obra de história
narrativa…este livro não é credível, não o comprem!
Lembrem-se que dos documentos também se faz história, claro que
o tom é irónico, isto porque, os contaminados há muito tempo, e às vezes nem
tanto assim, não necessitam de fazer investigação nas fontes primárias é tudo
de memória!
Cunha Roberto