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domingo, 25 de fevereiro de 2018

UCRÂNIA vs RÚSSIA

A "Lei da Reintegração" foi aprovada pela Ucrânia no passado dia 20 de fevereiro de 2018. Este tema não foi notícia de abertura dos noticiários, nem foi comentado até à exaustão por especialistas em terrorismo, estratégia e política internacional, por estranho que possa parecer, na verdade estamos perante dois atores institucionais que no terreno estão há cerca de 4 anos a apoiar discretamente duas fações opositoras, evitando-se assumpção de uma guerra declarada entre os dois estados.
O que trata esta Lei da Reintegração?
A Lei da Reintegração é uma Lei sobre a ocupação das regiões de Donetsk e Luhansk. O estado ucraniano está agora envolvido diretamente e obrigado pela própria Lei (constitucional) em assegurar a soberania da Ucrânia nos territórios temporariamente ocupados de Donetsk e Luhansk


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Mapa da Ucrânia e países de fronteira
A cerimónia de assinatura ocorreu durante uma sessão do Gabinete Militar do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia. Alegadamente os militares ucranianos não intervieram diretamente no conflito por motivos políticos, pois não tinham sustentação legislativa para agirem diretamente na crise do leste da Ucrânia.
Na realidade vive-se uma situação de guerra na região leste da Ucrânia e em toda a zona de fronteira com a Rússia. A assinatura desta lei empolgou as discussões políticas na Ucrânia, poderá até aumentar a tensão e a intervenção no terreno. Esta situação é um desafio à segurança instável da região e ao contrário do que se possa pensar não reverterá uma única das parcelas de território ocupado. A monitorização russa nunca permitirá movimentos de tropas ucranianas naquela região sem retaliar com movimentos das brigadas russas em seu próprio território o que, só por si, é um fator altamente dissuasor. 

O apoio político da UE e dos EUA não será suficiente para manter uma guerra convencional naquela região, basta recordar o que se passou com a anexação da Crimeia e todas as condenações internacionais, incluindo o bloqueio aos produtos russos por parte da UE e dos EUA, não tendo sido suficientemente importante para demover a Rússia do controlo total de entradas e saídas do mar de Azov.

As regiões de Donetsk e de Lugansk são as mais ricas em minerais, de todo o o território ucraniano, concentrando-se aí a indústria pesada, herdada em grande parte da antiga URSS.
A Guerra Híbrida, que até agora foi politicamente gerida pelos dois estados com recurso a batalhões de voluntários treinados, muitos deles antigos combatentes, foi mantido neste impasse durante os cerca dos 4 anos que dura este conflito mantendo dessa forma a mesma linha da frente. As conversações têm ocorrido em Minsk, capital da Bielorrússia e um forte aliado da Rússia na região

O Fim dos Cidadãos em Armas
Com a aprovação da "Lei da Reintegração", as forças armadas ucranianas passam a intervir diretamente na situação operacional. Os batalhões de voluntários vão dar lugar às forças regulares do país, no entanto não podemos esquecer que muitos dos batalhões ficaram reduzidos e desorganizados e os mercenários abandonaram a frente por falta de pagamento.

Todos os atores internacionais no terreno estão atentos ao desenrolar do conflito mas mais do que ninguém a Rússia atuará de forma musculada para proteger a sua área de influência. Neste momento não se espera uma intervenção direta de outro estado que não o ucraniano e russo pelo, que se admite não ser uma Lei produzida dentro dos critérios do bom senso, que se exige, mantendo sempre em linha de vista que, toda esta situação de conflito deverá ter uma solução Política e nunca militar, a bem de todas as partes principalmente do povo ucraniano.

(Post de opinião)

Cunha Roberto