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sexta-feira, 2 de março de 2012

Estudo genético sobre homem do neolítico

Estudo genético sobre homem do neolítico     


A múmia mais completa de sempre foi encontrada em 1991, nos Alpes italianos, continua anda hoje a ser uma fonte de informação. Recentemente foram reveladas as conclusões da análise genética do seu ADN. A múmia Ötzi teria olhos castanhos e pele branca, era intolerante à lactose e tinha disposição genética para ter problemas cardíacos, revela um estudo publicado na revista Nature Communications.
A história deste representante do neolítico morreu há 5300 anos, por motivos mais ou menos misteriosos, mas que envolveram certamente uma seta que carrega no ombro esquerdo e um corte na mão direita, é rica em detalhes conhecidos nos últimos 20 anos.
Em 1991, um casal de alpinistas alemão encontrou no Vale Ötzal, a 3120 metros de altura, um corpo mumificado, que estava protegido há milénios da deterioração pelo frio, pela escuridão e pelo gelo. O Homem do Gelo foi encontrado e descrito como a múmia, Ötzi encontrando-se mais completo do que os faraós egípcios, pois continua a ter todos os órgãos, que nos faraós foram retirados. Tinha 1,59 metros, pesava em vida 50 quilos e quando morreu teria cerca de 46 anos. Vestia couro de cabra e tinha-se alimentado recentemente, de carne de veado e cabra.
O cabelo era rico em arsénio e cobre, o que poderá indicar que trabalhava com a fundição de cobre. Com ele viviam uma série de parasitas: piolhos do cabelo, piolhos do corpo e lombrigas. Sofria de artrose e para um homem do neolítico viveu bastante tempo.
Já a causa da sua morte é mais especulativa, primeiro julgou-se que tinha sido apanhado numa tempestade de neve, depois descobriu-se que tinha uma seta enfiada no ombro esquerdo que o terá ferido mortalmente e uma outra ferida profunda na mão direita. Os cortes tê-lo-ão feito perder sangue durante horas, em sofrimento, até morrer e indicam ter havido uma luta mas com quem e em que contexto, não se sabe.
Os novos dados caracterizam a genética e fisiologia deste antepassado. A equipa liderada por Albert Zink, do Instituto de Múmias e do Homem do Gelo, ligado ao Museu Arqueológico de Bolzano, em Itália, onde ainda hoje se encontra a múmia, analisou o seu ADN celular pela primeira vez.
Até agora, só se tinha sequenciado o ADN das mitocôndrias, as baterias das células, desta vez, com a ajuda de uma nova tecnologia sequenciou-se o ADN dos cromossomas de Ötzi.
Os resultados mostram que o Homem do Gelo tinha “provavelmente olhos castanhos era intolerante à lactose, além disso, tinha pele branca e tendência genética para aterosclerose coronária" revela o artigo.
“Andámos a estudar o Homem do Gelo durante 20 anos, sabemos tantas coisas sobre ele, onde viveu e como morreu mas sabíamos muito pouco sobre a sua genética e a informação genética que carregava consigo”, disse Albert Zink à BBC News. A equipa também encontrou informação genética da bactéria que causa a doença de Lyme, que é transmitida pela carraça. Sabe-se que se trata da indicação mais antiga desta doença.
Esta nova análise de Ötzi também serviu para comparar a sua assinatura genética com as populações humanas que existem hoje na Europa e os resultados foram surpreendentes. A população geneticamente mais próxima do Homem do Gelo vive hoje na ilha da Sardenha, no Mediterrâneo.
Uma das hipóteses é a população na Sardenha “representar uma relíquia da população genética que existia na Itália durante a pré-história, mas que agora está transformada devido fenómenos de migrações e mistura genética posteriores”, sugeriu Peter Underhill, investigador da Universidade de Stanford, na Califórnia, que faz parte da extensa equipa de investigadores.
Todos nós ficamos à espera dos próximos capítulos sobre esta história extraordinária de Ötzi, o homem do neolítico.